terça-feira, 19 de março de 2013

Eram frutinhos roxos

Sentei num daqueles bancos gelados que ficam embaixo das árvores com frutinhos roxos. Estava precisando dar um tempo pros meus pensamentos, e ali era o único lugar meio sol-meio sombra que eu pude encontrar. 
Deixei meus pensamentos irem longe. Revi aqueles olhos castanhos me olhando firmemente, enquanto o vento frio passava cortante nas minhas costas, e tudo o que eu ouvia eram palavras indecifráveis e incoerentes. Não dava pra negar que eu estava completamente confusa e perdida. Em contrapartida, o sorriso, o sossego, a naturalidade eram simplesmente fascinantes, não parecia certo deixar pra lá. Fechei os olhos bem apertados e desejei não estar sendo invadida por sentimentos tão confusos. Como viver sem arriscar? Que tipo de histórias você tem pra contar em rodinhas de amigos quando não se tem coragem de correr riscos? Como ter coragem de correr riscos quando não se dá pra calcular os danos prováveis? Depois do que passei nos últimos tempos, como é que não aprendi que não dá pra saber, muito menos controlar, o que se passa no coração e na cabeça de outra pessoa?
Nesse tempo, o meio sol já tinha se tornado meio chuva. Não se via mais sinal dos dias mansos. Nem tampouco a urgência dos dias agitados. Havia apenas um compasso apertado, um coração latente. Eu ainda vou me machucar, não vou? A menininha que não aparecia há muito tempo para se meter nas minhas escolhas, sussurrou. E num ato de bravura, respondi firme: vai sim menina, vai sim.


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