sexta-feira, 26 de agosto de 2011

É certeza.

Peca aquele que desconfia que o mundo dá voltas, no sentido mais corriqueiro dessa expressão. Um dia você sofre, um dia você sorri. De repente você se sente só, e não muito depois alguém chega pra segurar a sua mão.
Sempre pensei que o amor se tratasse de finais felizes, perfeição, sonhos, mas hoje eu sei aquilo que os mais velhos repetem com tanta ênfase: são as pequenas coisas que trazem mais felicidade.
O amor está no dia-a-dia, em compartilhar emoções, conquistas, tristezas e anseios com alguém que nem sempre te entende, mas que sem dúvida nenhuma te aceita como você é; e o mais importante está ali com você.
Quando paro pra ler todos os meus textos de amor, vejo o quanto isso me era distante. O quanto foi dolorido para aprender que ser amada, é ter alguém ali do seu lado. Não é ter alguém que te diga coisas bonitas  esporadicamente, não é se iludir que o outro está pensando em você. De fato, não há dúvidas quando se é amada. Tempos atrás eu disse que queria amar e ser correspondida pra saber como era, e cá estou eu pra dizer.
A recíproca é certeza, ainda que haja a incerteza do amanhã, você sabe que hoje, agora, tem alguém ali disponível pra você. Tem alguém que espera uma mensagem, uma ligação, um carinho, e você tem a certeza de que pode se expor porque a pessoa está te oferecendo tudo isso também.
Uma lágrima desce dos olhos, como sinal de gratidão, por ter a oportunidade de viver isso. Ainda que vez ou outra aquelas ilusões e histórias brilhem como momentos memoráveis, não há nenhuma aventura que substitua   isso. Não há nenhuma história mais bonita do que essa, dessa que você vive com alguém que vive isso com você, entende? Um vice-e-verso que funciona, que é equilibrado e louco, que faz você sonhar com coisas que antes você acreditava ser desnecessário, que faz você querer expor pro mundo, e ao mesmo tempo não verbalizar para que ninguém tente tirar isso de você. 
É saudável, é certeza, é amor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conto de Fadas

Tudo começou como um sonho. Um sonho de ser pra alguém aquilo que se espera, entende? Raras vezes nesse mundo, duas pessoas se encontram e são na medida certa do que se precisa. Ela não teve essa sorte. Tempos atrás ela encontrou algo diferente do que ela havia sonhado como ideal, e ainda assim ela pode amar, e amou. Com todo o seu ser, até perder o fôlego, até perder o chão.
Amou, ainda que nunca tivesse tido a certeza de ter sido amada de volta. Ela apenas podia crer que um dia a história de cada um pudesse se tornar uma história só. Que um dia a gata borralheira se tornasse a Cinderela e se casasse com o príncipe.
Mas a mágica nunca aconteceu, e ela sofreu. Por inúmeras noites se viu chorando ao imaginar seus sonhos. Depois, chorou por não entender como podia desejar uma mesma coisa por tanto tempo. E então, por inúmeras noites, desejou que aquele príncipe não aparecesse nunca mais em seus sonhos. Um dia, e não foi de repente, ela entendeu o que significava amadurecer. Ela viu que chorar e desejar e amar e querer nunca seria suficiente para ela, que queria mais que tudo conquistar aquilo que sonhava. Ela entendeu que nunca havia sido uma gata borralheira e finalmente pode ver que existiam outros príncipes, não tão encantados como aquele de seus sonhos, mas dispostos a dividir com ela sua história.
O tempo passou, a vida dela mudou, mas vez ou outra ela tinha saudade daquilo, da sensação mais intensa que ela viveu, e da única vez em que se permitiu sofrer. Mas isso não se trata de um conto de fada, com finais felizes. Não é uma novela, onde o mocinho e a mocinha terminam juntos no final. Neste caso, os dois protagonistas estavam em rotas diferentes, em cidades diferentes, lutando por coisas diferentes.
Ele acreditava em destino, e deixou que o tempo decidisse como a história dele iria terminar. Ela acreditava em conseqüências, e deixou que as próprias decisões guiassem o seu caminho.
Sem certo ou errado, sem julgamentos dessa vez. Não cabia a ela acreditar ou não no amor que ele poderia sentir, porque não é do amor que essa história fala também. Isso diz respeito a uma vida, a uma pessoa, que precisa ter uma razão pra acordar todos os dias, que precisa ter outras pessoas fazendo com que a sua jornada não se torne fria e solitária.
É verdade, não se pode apagar as marcas daquele amor, daquelas lágrimas e nem os planos que um dia ela fez. Mas também não é justo que ela pare, esperando que os caminhos de ambos se cruzem um dia.
A vida é extremamente curta para que se percam momentos na esperança de que um dia outros aconteçam. É preciso seguir em frente, ainda que isso custe enterrar alguns dos sonhos mais bonitos. Não se pode viver de sonhos, não daqueles onde outras pessoas estão envolvidas e não tem interesse em participar. Não se pode.