quarta-feira, 29 de junho de 2011

Com giz de cera.

Estava escuro, e frio, como naqueles dias em que a menininha se via sozinha e com raiva. Uma raiva do mundo, por não ser exatamente como ela havia desenhado. Céu azul, com nuvens branquinhas. Mas o mundo não é da cor que ela escolheu, gizes de cera não decidem como as coisas realmente são. O mundo é triste, é cruel, e tem um monte de coisas dificílimas. E a menininha via isso outra vez.
Ela sabia que ninguém mais a entendia, ninguém mais podia querer o mundo do jeito que ela queria, mas  considerarem ela insana parecia agressivo demais. E ela chorava de dor por pensar que talvez, todos estivessem certos. Ela devia ser louca. Louca por insistir em coisas impossíveis, louca por acreditar nas outras pessoas, louca por ainda insistir em uma vida como a dos desenhos. 
Uma casinha, uma janela, uma árvore, ela sempre desenhava assim, nessa ordem. Mas tinha tantas outras coisas bonitas pra se desejar no mundo, e ela desenhava isso também.
Viver, de um jeito medíocre, nunca foi o sonho dela. Ela nunca pensou que o mundo pudesse dar essa opção a ela, justo à ela, uma menininha tão sonhadora. 
Mas contos de fadas não existem, e ninguém consegue uma casinha com uma janela usando giz de cera, ninguém. Nem essa menininha boba, que ficava brava quando se sentia sozinha.