quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Eu sempre me canso.

Me cansa pensar que você tem um monte de sentimentos bons em relação a mim mas não se dá ao trabalho de me ver. Não vou dizer que dói, porque na verdade dor não há. Há apenas aquela sensação incomoda, que li dia desses em algum lugar: a sensação incomoda de quando alguma coisa não termina no fim. Não é que a história toda tenha sido incrível, mas é que a ausência de um final, me faz fantasiar os finais possíveis, e dá uma vontade enorme de tentar forçar para que aconteça.
Me irrita toda vez que você vem me chamar de amor quando está dizendo algo que sabe que eu não vou gostar. Odeio ver que você realmente acha que palavras doces me deixarão menos incomodada. E odeio quando você acerta em cheio no que dizer. Me incomoda quando você diz que vai ligar e não liga, quando diz que vai me encontrar e desmarca, quando diz qualquer coisa e depois volta atrás no que disse. Odeio você ser essa pessoa de momentos. E o que mais odeio nisso é que eu sei exatamente como é ser alguém assim, eu sou assim, mas não sou assim com você. Não sou assim com você, porque quando eu tinha dezesseis anos eu me apaixonei por você e te coloquei num pedestal, e agora, por mais realista que eu seja, é extremamente difícil separar a imagem que eu fiz de você e a que você fez de você mesmo pra mim. 
Gosto de você ter aceitado sair comigo num dia dos namorados, e de ter andado na rua de mãos dadas comigo, mesmo sem ser meu namorado. Gosto de lembrar dos nossos bons momentos, gosto mesmo, mas me cansa quando eu percebo que é só isso que temos. Eu queria mesmo é ter brigado pelo menos uma vez com você, de gritar, de olhar no olho, de te ver sendo alguém menos politicamente correto.
Me cansa conhecer só a sua versão que impressiona, porque é certinha demais pra ser de verdade, e eu odeio coisas que não são de verdade. Me incomoda muito ter que saber da sua vida através do seu irmão, e de fotos que você nem sabe que estão publicadas. Me incomoda muito ter que te mandar duas mensagens, para que você me responda uma. Mesmo que essa uma seja sempre de tirar o fôlego.
Me cansa magoar tantas pessoas porque eu simplesmente não consigo excluir você, as memórias, as fantasias e os planos, da minha vida. Me magoa, me cansa, me irrita e incomoda. Entende que isso não me dói, mas me incomoda? É como se eu te carregasse sempre pra baixo e pra cima, aqui dentro, na expectativa de que algo aconteça, correndo o risco de nunca acontecer. Como um vicio, um mau hábito, uma coisa ruim que eu não consigo abrir mão. Como no livro que termina no meio de uma frase e você simplesmente não consegue desistir de descobrir o final. 



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sinto muito.

Já faz um tempo que estou nessa de fingir que está tudo bem para que ninguém se preocupe, mas se você gosta de mim esse tanto que diz que gosta, me deixa lamentar. Me deixa sofrer pelo que se foi, e me deixa gritar que eu sinto muito. Dá uma canseira danada ter que fingir que odeio tudo o que passou. Entenda de uma vez, sou capaz de amar cada defeitinho de cada um que já me magoou, e isso faz parte de mim. Não posso sair gritando pro mundo que odeio aquele cheiro de halls preto, nem que odeio absinto, física, velhas, nem qualquer uma das coisas que eu deveria odiar, mas por me lembrarem tanto de alguém, eu não consigo - e não quero. Eu sei que você vai dizer que sofrimento não faz bem, e que a vida tem que seguir. Mas não diz não, e me deixa aqui com essa tristeza. 
Me deixa aqui pensando em tudo que faz parte de mim agora, mas veio de outro alguém. Me deixa gostar de yakissoba, xbox, ivete, teatro, pizza hut, massagem e de tantas outras coisas que eu aprendi a gostar ao longo dos dias. Me deixa aqui chorando toda dor, toda saudade, todo medo, toda dúvida, todo desejo, me deixa chorar tudo. Já faz um tempo que eu estou nessa de fingir que está tudo bem, mas acho que não está. Não está tudo bem em ter que explicar meus motivos, minhas angústias, em tem que esconder meus desejos bobos de voltar no tempo. Não está tudo bem em ter sempre alguma dor pra chorar e como vez ou outra elas parecem se repetir. Se você não puder entender, pelo menos respeite essa minha dor. Não tente invadir meu peito e tirar de lá tudo o que você não acha certo. Só eu sei o que carrego ali dentro e a que preço me mantenho em pé. Não tente invadir meu peito pra compreender minhas dores, não iria ajudar em nada. Mas faz assim: me deixe aqui com essa tristeza, e espera por perto até que ela se vá.