quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Conto de Fadas

Tudo começou como um sonho. Um sonho de ser pra alguém aquilo que se espera, entende? Raras vezes nesse mundo, duas pessoas se encontram e são na medida certa do que se precisa. Ela não teve essa sorte. Tempos atrás ela encontrou algo diferente do que ela havia sonhado como ideal, e ainda assim ela pode amar, e amou. Com todo o seu ser, até perder o fôlego, até perder o chão.
Amou, ainda que nunca tivesse tido a certeza de ter sido amada de volta. Ela apenas podia crer que um dia a história de cada um pudesse se tornar uma história só. Que um dia a gata borralheira se tornasse a Cinderela e se casasse com o príncipe.
Mas a mágica nunca aconteceu, e ela sofreu. Por inúmeras noites se viu chorando ao imaginar seus sonhos. Depois, chorou por não entender como podia desejar uma mesma coisa por tanto tempo. E então, por inúmeras noites, desejou que aquele príncipe não aparecesse nunca mais em seus sonhos. Um dia, e não foi de repente, ela entendeu o que significava amadurecer. Ela viu que chorar e desejar e amar e querer nunca seria suficiente para ela, que queria mais que tudo conquistar aquilo que sonhava. Ela entendeu que nunca havia sido uma gata borralheira e finalmente pode ver que existiam outros príncipes, não tão encantados como aquele de seus sonhos, mas dispostos a dividir com ela sua história.
O tempo passou, a vida dela mudou, mas vez ou outra ela tinha saudade daquilo, da sensação mais intensa que ela viveu, e da única vez em que se permitiu sofrer. Mas isso não se trata de um conto de fada, com finais felizes. Não é uma novela, onde o mocinho e a mocinha terminam juntos no final. Neste caso, os dois protagonistas estavam em rotas diferentes, em cidades diferentes, lutando por coisas diferentes.
Ele acreditava em destino, e deixou que o tempo decidisse como a história dele iria terminar. Ela acreditava em conseqüências, e deixou que as próprias decisões guiassem o seu caminho.
Sem certo ou errado, sem julgamentos dessa vez. Não cabia a ela acreditar ou não no amor que ele poderia sentir, porque não é do amor que essa história fala também. Isso diz respeito a uma vida, a uma pessoa, que precisa ter uma razão pra acordar todos os dias, que precisa ter outras pessoas fazendo com que a sua jornada não se torne fria e solitária.
É verdade, não se pode apagar as marcas daquele amor, daquelas lágrimas e nem os planos que um dia ela fez. Mas também não é justo que ela pare, esperando que os caminhos de ambos se cruzem um dia.
A vida é extremamente curta para que se percam momentos na esperança de que um dia outros aconteçam. É preciso seguir em frente, ainda que isso custe enterrar alguns dos sonhos mais bonitos. Não se pode viver de sonhos, não daqueles onde outras pessoas estão envolvidas e não tem interesse em participar. Não se pode.

2 comentários:

  1. Não se pode viver um sonho a dois, sozinha, não é mesmo? me vi medonhamente nas linhas. e não vejo outras palavras para terminar o texto.
    Lindo siis! <'33

    ResponderExcluir